Hejira (tradução)

Vou viajando em algum veículo
Me sentando em algum café
Desertora das guerras mesquinhas
Que arremessam o amor para longe
Há conforto na melancolia
Quando não há porquê explicar
É tão natural quanto o tempo
Nesse céu meio nublado de hoje
Na nossa proximidade possessiva
Tanta coisa não pôde ser dita
Então agora eu volto para mim mesma
Essas coisas que você e eu ocultamos
Eu vejo algo de mim em cada pessoa
Neste único momento do mundo
Enquanto a neve gira como a renda
Do vestido de uma moça que baila

Você sabe que nunca é fácil
Escolher se você se resigna ou não
Se você viaja de um polo ao outro
Ou se você se atém a alguma linha mais reta
Veja, um homem e uma mulher sentados numa pedra
Eles vão descongelar ou congelar
Ouça
Melodias de Benny Goodman
Atravessando a neve e os pinheiros
Estou ardendo com essa febre de estrada
Mas sabe que eu estou tão feliz por estar sozinha
Embora ainda o mais leve toque de um estranho
Possa me fazer tremer até os ossos
Eu sei — ninguém me mostrará tudo
A gente vêm e vai, sempre anônimo
Cada um tão profundo e superficial
Desde o fórceps até a lápide

Olhei para os memoriais de granito
Aqueles tributos à finalidade — à eternidade
E então olhei para mim mesma aqui
Uma galinha que cisca pela imortalidade
Na igreja, acenderam as velas
E a cera escorre como lágrimas
Há esperança e desespero
Que testemunhei por trinta anos
Somos apenas partículas de mudança, eu sei, eu sei
Orbitando ao redor do sol
Mas como posso ter esse ponto de vista
Se eu estou sempre ligada e amarrada a alguém
Bandeiras brancas nas chaminés de inverno
Hasteadas em trégua sob a lua
Nos espelhos de um banco moderno
Da janela de um quarto de hotel

Vou viajando em algum veículo
Me sentando em algum café
Desertora das guerras mesquinhas
Até que o amor me leve de volta para lá

Hejira (tradução)

Original

Joni Mitchell